sexta-feira, 20 de julho de 2012

Um Poema

A dança dos ventos


Francisco Gesival Gurgel de Sales

Os ventos de hoje amanheceram travessos
E querem, à força bruta, levar com seus fracassos
Os parcos fios de bananeira do quintal.
As crianças, que brotam aos poucos de suas redes,
Se preparam para as aulas
E as donas-de-casa passam espertas
Com baldes na cabeça,
Com sacolas nas mãos,
Com seus gritos matinais.



Os homens, agora escassos, correm racionais à luta do dia,
As galinhas, porcos, pássaros, cabras, vacas e rádios fazem a algazarra
Mas os ventos estão por demais fortes
Que as formigas se agarram aos fragmentos do chão.
E a euforia do vilarejo se envolve aos ventos
De forma simples e calma
Que posso facilmente enganar-me
Ou perceber tudo,
Ao rosnar do gato nos meus chinelos,
Daqui mesmo do batente da cozinha.

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