Francisco Gesival Gurgel de Sales
A leitura me roubou a paz,
Deixou-me inquieto.
Roubou minhas manhãs, minhas tardes
Furtou minhas noites e quase as madrugadas.
Me fez pensar que sou errante
Fez-me contraditório
Fez-me pensar em coisas fúteis,
Refletir sobre nada.
Fez-me revirar o passado,
Me fez escrupuloso ao presente,
Revelou-me as intermitências do dia e o negrume da noite
E a inexistência do futuro.
Numa dispensa velha
Jogou quase todas as minhas festas,
Minhas cachaças e meu futebol.
Só não a minha namorada,
Mas já anda transcendendo o meu tempo dela.
Me disse que pouco sei
Apresentou-me Machado de Assis
E as correntes estruturalistas.
Me fez filósofo,
Me fez poeta
Fez-me escravo
E trocar de lugares os pronomes.
A leitura deixou-me louco, viajante, doente.
Furtou-me os poucos conceitos que tinha
Me fez criticar as instituições
E as falas dos amigos
Deixou-me chato e hesitante.
Modificou minha sintaxe
Baralhou minhas ideias
Relacionou-as...
Refutou minhas planilhas
Renovou os meus vocábulos
Mostrou-me de quantos eus sou feito
Legou-me considerações acerca de mim
Acerca de Deus e do mundo
Disse que sou finito
Mas provou, por a + b,
Que sou alguma coisa semântica
Que boio no mundo,
Que tenho sonhos.
Que minhas células, na verdade, na verdade,
São signos
Meu sangue, frases cognitivas
Meu corpo, um período composto
Em análise.
Vc é simplesmente espetacular meu amigo,Parabéns Sucesso!! Marlon Morais
ResponderExcluirObrigado, meu amigo! vc é que tem capacidades extraordinária!
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